Trabalhar como funcionário de uma empresa e sentir que não está chegando a lugar algum. Este é um fenômeno conhecido no mundo dos negócios como “corrida dos ratos”. Os trabalhadores se esforçam para ganhar mais dinheiro, trabalham mais, mas acabam aumentando seus gastos com impostos, sem conseguir elevar, de fato, sua renda.
Este assunto foi discutido durante o Festival de Inovação e Cultura Empreendedora (FICE), evento gratuito realizado por Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Época NEGÓCIOS e Valor Econômico. Durante a palestra “O bolso do empreendedor – como lidar com as finanças pessoais enquanto se constrói uma empresa”, o professor Liao Yu Chieh, sócio-fundador da IDEA9 (startup de educação financeira) e professor do Insper, deu dicas de como sair desta situação.
Segundo Chieh, o pré-requisito é entender qual é exatamente o seu patrimônio. Ou seja, celular, investimentos financeiros, eletrodomésticos, carros e até sua casa. “Não adianta eu dar opções de saída da ‘corrida de ratos’, se você não entender quais são os seus bens”, diz o professor.
Chieh explica que alguns bens, como aluguéis, geram uma receita recorrente e são chamados de ativos. Os bens que não geram receita são os imobilizados. O carro, por exemplo, pode ser os dois. Caso seja usado apenas para a locomoção, é um bem imobilizado. Mas, se seu dono o aluga para terceiros, é um ativo. O que importa, segundo o professor, é a sua intenção ao usá-lo.
“Caso você não entenda a diferença entre bens ativos e imobilizados, na primeira vez que ganhar um dinheiro vai gastá-lo com um barco ou outras coisas que só irão gerar mais despesas.”
De acordo com o professor, é possível sair da corrida dos ratos de três maneiras:
1. Conquistar salários realmente altos na sua empresa. “Isso faz com que você tenha excedente de dinheiro para comprar bens ativos.”
2. Ganhar na Mega-Sena. “Mas ainda há casos em que as pessoas ganham na loteria e ficam em uma situação pior do que antes por só gastarem com imobilizados. É preciso entender as diferenças entre os tipos de bens.”
3. Empreender. No entanto, para empreender, é preciso seguir alguns passos. O primeiro é possuir uma reserva financeira, para ter uma renda durante a fase empreendedora. “Outra forma de reserva é viver com pais que aceitem te patrocinar durante esta fase, dando moradia e pagando suas contas do cartão de crédito, o que diminui suas despesas”.
O segundo passo é parar de confundir padrão de vida com qualidade de vida. “Padrão de vida é dado pelos seus imobilizados, como o celular, e por suas despesas. Há gente com um padrão de vida elevadíssimo, mas que tem a qualidade de vida ruim, tendo de tomar remédio para dormir de noite”, diz. “Busquem mais qualidade e não padrão.”
Segundo o professor, é possível alcançar uma melhor qualidade de vida diminuindo o padrão. Ele usa o próprio exemplo, quando vendeu o seu carro para comprar ativos e passou a ir de táxi para o trabalho. “Eu diminuí meu padrão, mas melhorei a minha qualidade de vida porque consegui chegar mais rápido ao meu trabalho pelo corredor de ônibus e ainda ouvindo música com fone de ouvido.”
O terceiro passo é aprender a separar as finanças de pessoa física das de pessoa jurídica. “Por mais sucesso que você tenha no seu empreendimento, a chance de dar certo é muito baixa, se você não tiver esse conhecimento financeiro. Se usar um dinheiro que veio da sua startup para pagar sua conta de celular, ou utilizar o seu dinheiro para pagar contas da empresa, você perderá o controle gerencial da sua vida e da sua empresa.”
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios | Imagem: Google